Megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho tem 64 mortos e 81 pessoas presas
(Redação Serra Verde / Fonte: MPRJ; O Globo; G1)
A cidade do Rio de Janeiro teve uma manhã de terça-feira (28) agitada. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), em conjunto com a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE/PCERJ), realizou uma operação para cumprir 51 mandados de prisão contra traficantes que atuam nos Complexos do Alemão e da Penha.
A ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE/PCERJ) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE/PMERJ). Cerca de 2,5 mil policiais foram mobilizados. A operação policial foi antecipada por uma investigação que durou mais de um ano, conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). As investigações que levaram à ação identificaram 94 bandidos do Comando Vermelho que estariam escondidos nesses dois complexos. Acusados de assassinatos, tráfico de drogas, roubos de carros, entre outros crimes, que, segundo a polícia, usam os locais para se esconderem.
As 27 favelas dos dois complexos, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, ficam próximas a duas vias importantes da cidade: a Linha Vermelha, que liga o Centro à Baixada Fluminense e dá acesso ao Aeroporto Internacional do Galeão, e a Linha Amarela, que liga a Barra da Tijuca à Ilha do Governador. Para esta operação, considerada 'a mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro', os agentes receberam o apoio de presidentes, 32 blindados e veículos de demolição. Por causa da ação, 45 escolas municipais fecharam, cinco clínicas da família suspenderam atendimentos externos, e 12 linhas de ônibus foram desviadas.
No final da tarde desta terça-feira (28), o governo do Rio afirmou que 60 homens foram mortos durante uma megaoperação. Quatro policiais também perderam a vida. 81 pessoas foram presas. Para Cláudio Castro, a operação desta terça-feira é “a maior da história do Rio de Janeiro”. O governador ainda lamentou a falta de apoio do governo federal. " Estamos sozinhos nessa luta hoje. É uma operação maior que a de 2010 ", disse. " Infelizmente, desta vez, como ao longo deste mandato inteiro, não temos o auxílio de blindados nem agentes das forças federais de segurança e defesa. Essa operação de hoje tem muito pouco a ver com a Segurança Pública. É uma operação de estado de Defesa. É uma guerra que está ultrapassando os limites de onde o estado deve estar sozinho defendendo" .
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse, ainda na tarde de terça-feira (28), que não recebeu nenhum pedido de Cláudio Castro para apoio à Operação; e qualificou a operação de “cruenta” em vista das mortes de agentes de segurança pública e de inocentes. "Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem, nem hoje, absolutamente nada ", declarou.
Declaração da ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou estar “horrorizada” com o saldo de 64 mortos na operação realizada na cidade fluminense. Por meio da rede X, o Escritório de Direitos Humanos da ONU também lembrou às autoridades brasileiras “suas obrigações” segundo as leis internacionais. “ Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais. Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil. Lembramos às autoridades suas obrigações perante o direito internacional dos direitos humanos e instamos investigações rápidas e eficazes ”.
Dia seguinte
Na manhã desta quarta-feira, todo o grande Rio tenta retomar a rotina sob um clima de incerteza e apreensão. Segundo o Centro de Operações e Resiliência do Rio (COR-Rio), a cidade voltou ao estágio 1 de nivelamento de risco para impactos urbanos. Ou seja, tudo na normalidade até o momento. Todas as vias estão liberadas para o trânsito de veículos desde as primeiras horas do dia. A última a ser reaberta foi na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, no sentido Jacarepaguá, às 2h45.
De acordo com o G1, o sistema metroviário opera normalmente nesta manhã, com as linhas 1, 2 e 4 circulando em intervalos regulares, sem registros de interrupções ou alterações no serviço; e todos os transportes coletivos da cidade do Rio de Janeiro seguem operando em normalidade. Quem tem viagem rodoviária marcada para esta quarta-feira deve redobrar a atenção. Segundo o COR, é conveniente entrar em contato diretamente com a empresa de ônibus para confirmar se o planejamento do trajeto está planejado conforme o planejado. A publicação do G1 ainda informa que a SuperVia reforçou que os trens seguem operando normalmente nesta manhã.
A situação dos transportes em Duque de Caxias e na Região Serrana aponta para uma normalização dos serviços, mas o cenário ainda inspira cautela. Em Petrópolis a Polícia Militar intensificou as abordagens e fiscalizações nas entradas da cidade. Também há presença de comboios e patrulhamentos reforçados em diversos bairros. O 26º Batalhão de Polícia Militar informou que o objetivo é prevenir “ ações de organizações criminosas e garantir a segurança e tranquilidade da população petropolitana ”.
Funcionamento de instituições de ensino superior
- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) - Optou pela suspensão das atividades administrativas e acadêmicas do turno da manhã;
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) - Optou pela suspensão das aulas e das atividades administrativas presenciais, exceto as consideradas essenciais, nesta quarta-feira pela manhã;
- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) - Mantém suspensas as atividades presenciais nesta quarta-feira;
- Universidade Federal Fluminense (UFF) - Atividades presenciais suspensas em Niterói nesta quarta-feira;
- Puc Rio - As aulas presenciais desta quarta-feira foram privilegiadas para a modalidade remota síncrona.








