O5 de setembro: dia da Amazônia
Data é dedicada a reconhecer a importância da maior floresta tropical do planeta
(redação Serra Verde)
A Amazônia desempenha um papel crucial na regulação do clima global, abrigando uma vasta quantidade de espécies de plantas e animais, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência. Além disso, a floresta é vital para os povos originários e comunidades tradicionais que dependem diretamente de seus recursos para sobreviver. No entanto, boa parte da Amazônia tem enfrentado desafios significativos, como por exemplo: o desmatamento, a exploração ilegal de recursos naturais e os incêndios.
Recentemente, a região amazônica enfrenta incêndios florestais recordes e uma seca severa dos rios, intensificando a crise ambiental. Com o agravante da estiagem, período em que o fogo aumenta na região, os números de focos de incêndio aumentaram. Segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o final de agosto deste ano, já haviam sido registrados 53.620 focos de incêndio. O número representa um aumento de 80% em relação ao mesmo período do ano passado (2023), e já é o maior registrado nos últimos 14 anos.
Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, destaca que o aumento no número de queimadas é resultado do agravamento das mudanças climáticas e da utilização do fogo para desmatamento. “Provavelmente, tem gente se aproveitando da seca extrema para ampliar suas áreas sem, necessariamente, fazer desmatamento, e sim, através do fogo”, conta. Agostinho ainda reforça que a crise das queimadas não será resolvida apenas com a contratação de mais brigadistas, mas sim com uma mudança na sociedade e penas mais severas para crimes ambientais. “A legislação brasileira precisa ser mais dura”.
Em uma recente audiência pública na Comissão de Meio Ambiente do Senado na última quarta-feira (04), a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que o principal vetor das queimadas na Amazônia e em todo o Brasil é o desmatamento. Ainda em seu depoimento, a Ministra afirmou que "não existe fogo natural na Amazônia".
Especialistas em recuperação ambiental apontam que as queimas e os incêndios florestais na Amazônia emitem grandes quantidades de carbono, contribuindo para o efeito estufa e aumentando a possibilidade de mudanças climáticas globais. Para eles, a destruição da floresta também afeta a biodiversidade, como a perda de habitat para inúmeras espécies de plantas e animais, muitas das quais, conforme dito no início desta matéria, ainda não foram estudadas pela ciência.
Esperança
O Dia da Amazônia é importante para lembrar da responsabilidade coletiva de proteger a flora e a fauna. É um chamado à ação para governos, empresas e indivíduos se unirem em prol da preservação da Amazônia, garantindo que ela continue a desempenhar seu papel vital no equilíbrio ecológico do planeta.
Para Michele Aracaty, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e especialista em desenvolvimento regional e biodiversidade, a data é uma oportunidade crucial para aumentar a conscientização sobre a relevância da Amazônia e as ameaças à sua biodiversidade. “A partir do momento em que a sociedade tenha pleno conhecimento do papel da Amazônia no equilíbrio ambiental e climático, lhe dará a devida importância”, disse.
A docente ainda reforçou a necessidade de políticas públicas assertivas e de uma economia verde que possa gerar emprego e renda sustentáveis. “A Amazônia é nossa parte, e eu observo que a população tem se mobilizado para buscar alternativas com impacto reduzido e de preservação ambiental. Precisamos mudar a lógica: deve sair de cena a extração predatória dos recursos naturais e dos biomas e entrar no jogo a valorização da floresta em pé e de tudo o que é produzido em cada ecossistema”.
