Número de alunos em cursos de graduação à distância ultrapassa pela primeira vez o de cursos presenciais, diz MEC

(Redação Serra Verde) 


O cenário da educação superior no Brasil passou por uma mudança. Pela primeira vez na história, o número de estudantes matriculados em cursos de graduação a distância (EAD) superou a quantidade de alunos em cursos presenciais. Os dados são do Censo de Educação Superior, de 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). 

De acordo com o levantamento, o Brasil registrou 5,1 milhões de matrículas em cursos EAD em 2024. A modalidade presencial, por sua vez, somou cerca de 5 milhões de estudantes. O crescimento da educação a distância reflete uma década de expansão. Em 2014, esses patamares eram de 1,3 milhões e 6,4 milhões, respectivamente. Os dados também apontam que o número de ingressantes de cursos on-line em 2024 (3,3 milhões) foi o dobro das graduações presenciais (1,6 milhões). 

O crescimento do EAD não é um fenômeno isolado. A pandemia de COVID-19, em particular, acelerou a adoção da modalidade, forçando instituições e estudantes a se adaptarem a um novo formato de ensino. O que era visto como uma alternativa, rapidamente se tornou norma para milhões de brasileiros. A flexibilidade de horários, a economia de tempo e dinheiro com deslocamento, e a possibilidade de conciliar os estudos com o trabalho são fatores decisivos. Para muitos, a EAD se tornou a única forma viável de obter um diploma universitário, quebrando barreiras geográficas e socioeconômicas. 

Na avaliação do presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Manuel Palacios, a oferta de cursos EAD alcança pessoas sem tempo hábil para uma formação presencial, seja devido à distância ou por estarem inseridas no mercado de trabalho. “Certamente a educação à distância criou condições de participação na educação superior de um público que teria dificuldade de frequentar presencialmente por conta de trabalhar durante o dia. Uma parte da expansão do EAD certamente foi por conta dessa possibilidade”, disse. 

Novas regras da EAD 

Críticos e especialistas apontam para a necessidade de regulamentação mais rigorosa, especialmente em cursos que demandam práticas laboratoriais e interações diretas. O próprio MEC já manifestou preocupação com o padrão de ensino em algumas instituições EAD. 

Em resposta a essas preocupações, o governo federal anunciou novas regulamentações para a educação a distância. As medidas, que incluem requisitos mais rígidos para a carga horária presencial e a qualidade do material didático, entrarão em vigor a partir de 2026. A intenção é equilibrar a acessibilidade com a garantia de um ensino de alta qualidade. 

As críticas se dão especialmente pelo fato de algumas profissões que exigem aprendizado prático, como enfermeiros e professores, estarem sendo formados com carga horária on-line cada vez maior. Alguns casos, como as licenciaturas, possuem apenas os estágios sendo realizados presencialmente.